Depoimentos das adolescentes grávidas.

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O que podemos constatar com os depoimentos das adolescentes grávidas?


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Mães que ainda precisam de cuidado maternal

Brasil - Adital/Evandro Bonfim* - Vários países do mundo dedicam um dia especial às mães, que no Brasil é comemorado amanhã, dia 09 de maio. Mas ao contrário da lógica comercial da data festiva, nem todas as mães precisam somente de atenção filial, muito em menos em termos de produtos de consumo. Milhões de adolescentes que mal acabaram de deixar a infância vivem a experiência da maternidade sem o amparo e a proteção necessários, atributos maternos por excelência.

O resultado é a morte por ano nas nações em desenvolvimento de 70 mil jovens em decorrência dos riscos da concepção precoce, sem que as adolescentes estejam física e emocionalmente preparadas. Anualmente, mais de 13 milhões de adolescentes dão a luz, nove de cada dez no mundo à parte do pequeno clube de países ricos. Nos países mais pobres, em média, 33% das mulheres têm filhos com menos de vinte anos, muitas na perigosa faixa etária de 10 a 14 anos, cujo risco de morte materna é 5 vezes maior do que entre 20 e 24 anos. Nesta situação, "a maternidade precoce pode ser considerada uma sentença de morte", adverte a organização Save the Children, que comenta estes alarmantes dados no estudo "Crianças tendo Crianças: onde as jovens mães mais correm risco".

Estímulos culturais Os lugares em que as meninas se casam assim que entram em idade fértil registram gravidez e parto como principal causa de morte das jovens mães. Isto porque o enlace marital pressupõe a exigência de mostrar a fertilidade do casal com o nascimento de filhos o mais breve possível.

A este peso cultural, se associa a desinformação e a desassistência em doses letais para as adolescentes grávidas, como no caso de Kadja, jovem da república africana do Mali morta por completa falta de cuidados pré-natais, de acordo com o depoimento de sua irmã Amadou. "Kadja tinha apenas 14 anos quando se casou, como todas as garotas da comunidade.

Depois de quatro anos de matrimônio, o casal ainda não tinha filhos. As pessoas começaram a zombar dela dizendo que nunca teria filhos, e aconselharam ao marido casar de novo, o que acabou acontecendo. Porém, na mesma época, minha irmã descobriu que estava grávida.

Mesmo com a gravidez avançada ela não teve descanso. Um certo dia, a bolsa d’água rompeu enquanto ela cortava lenha, sem que ela sequer se desse conta, porque não sabia nada sobre gravidez. Poucos dias depois ela teve dores horríveis sem que pudéssemos levá-la ao hospital que era muito distante. Logo, ela morreu com 18 anos com o bebê ainda na barriga, sem que ninguém tentasse socorrê-la de alguma forma", narra Amadou. Seria, no entanto, preconceito acreditar que os problemas da maternidade infanto-juvenil sejam exclusivos de sociedades tribais africanas.

Os Estados Unidos, por exemplo, possuem elevadas taxas de adolescentes grávidas: 22% das mulheres que têm filhos possuem menos de 20 anos. Isto representa a impressionante cifra de 900 mil adolescentes grávidas por ano, sendo que 19 mil delas não completaram 14 anos. As histórias destas jovens também são agravadas por componentes culturais cruéis, como o abandono do companheiro e pai biológico da criança, deixando as futuras mães em pleno desamparo para tão sério encargo. Deste quase 1 milhão de adolescentes estadunidenses grávidas, 78% são mães solteiras, ou sejam, não contam com apoio do outro progenitor, e cerca de um terço destas não recebem cuidados pré-natais adequados, resultando em problemas futuros para ela e a criança. Este padrão de abandono está disseminado também na América Latina. Salvar filhos e mães O bem-estar dos bebês está diretamente ligado com a saúde das mães que, se demasiadamente jovens, podem enfrentar diversas complicações na formação e parto das crianças, o que ocasiona a morte anual de 1 milhão de crianças.

Os problemas vão deste a falta de experiência e conhecimento em virtude da pouca idade das mães até a frágil constituição corporal das adolescentes para suportar a gravidez, refletida muitas vezes em problemas de acomodação do feto no útero e obstrução das vias para o parto, que põem em risco a mulher e a criança. Por conta disto, a Save the Children desenvolve em todo mundo programas que buscam encorajar as adolescentes a adiar a maternidade e permanecer na escola até que o corpo e a cabeça destas jovens se tornem aptos para as diversificadas exigências do casamento, gravidez e criação de filhos.

Além destes programas educativos, a organização afirma que deve haver iniciativas públicas orientando as jovens e até mesmo coibindo fatos como casamentos de crianças para evitar tanto sofrimento desnecessário. Mas as jovens, apesar da inexperiência, não podem ser consideradas apenas vítimas passivas de condições exteriores. Sem consciência por parte das próprias adolescentes da importância dos estudos, do problema da gravidez precoce e das conseqüências da falta de responsabilidade para com a questão das relações íntimas, que podem resultar em crianças indesejadas, doenças sexualmente transmissíveis e danos emocionais, muito pouco pode se avançar no tema.

Para estas adolescentes pós-revolução sexual, cabe o depoimento de Mariame, 17 anos, da Guiné: "Fiquei grávida com 16 anos e tive que me casar.

Não foi escolha minha tudo isto, pois como estudante meu maior desejo era continuar com meus estudos. Eu estava muito doente quando descobri que estava grávida.

Então, tive o bebê, mas estava sem condições de prosseguir com os estudos e por fim abandonei a escolha devido a minha gravidez fora do casamento", relata. * Evandro Bonfim é jornalista da Adital.








Grupo 4 - O que podemos constatar com os depoimentos das adolescentes grávidas?



Gravidez na adolescência - Um depoimento

Quem nunca viu uma adolescente grávida no colégio, na rua e às vezes até mesmo dentro da casa da gente com nossas amigas, primas e irmãs? Para saber como é ser mãe na adolescência, nós entrevistamos Joana (nome criado por nós para proteger nossa entrevistada), 17 anos, que estuda na 2ª série do ensino médio de um colégio estadual e trabalha como atendente de lanchonete. Ela tem um filho de 1 ano e 4 meses e está grávida de novo.

Quando e como aconteceu a sua primeira gravidez? Eu tinha 15 anos e não estava esperando. Fazia um ano que eu estava namorando o pai do meu primeiro filho. Eu tinha ido ao médico e ele me receitou a pílula. Só que eu a tomava e sentia vontade de vomitar. Então, fui deixando e não tomava.

Qual foi a sua reação quando descobriu que estava grávida? Chorei bastante. Fiquei assustada, com medo do meu pai, da gravidez. Fazia um mês que a minha mãe tinha morrido. Foi complicado.

Qual foi a reação de seu pai? No começo, ele me deu um sermão, depois ficou do meu lado e pediu para eu não fazer besteira. A minha irmã mais velha não me apoiou. Ela não falava comigo. Depois que o meu filho nasceu, a gente voltou a se falar.



E a reação do pai da criança? Ele não reagiu bem, queria que eu abortasse, mas eu resolvi assumir. Depois que eu falei com o meu pai e que eles conversaram, a gente terminou o namoro. Mas ele assumiu a criança, registrou e dá pensão.

E ele te pressionou para fazer o aborto? Antes de eu contar para o meu pai, sim. Ele não queria que eu contasse, falou que a gente ia dar um jeito. A namorada de um amigo dele já tinha abortado com um remédio. Só que eu ia estar me arriscando tomando esse remédio. Podia acontecer alguma coisa e eu ir parar no hospital e o meu pai ia ficar sabendo e seria pior. Então eu preferi contar para o meu pai, sabia que ele não ia me deixar fazer isso.

Como aconteceu a segunda gravidez? Também não foi planejada. A gente sempre acha que não vai acontecer com a gente, que pode acontecer com a vizinha, com a amiga, mas nunca com gente.

Por quê? Depois que eu ganhei nenê, o médico passou o remédio para mim, mas eu não o estava tomando. Fazia só quatro meses que eu estava namorando e a gente sempre usou camisinha só que, às vezes, não. Foi numa dessas que eu engravidei.
Quais eram os seus sonhos antes e depois da gravidez? A vida muda. Depois da minha primeira gravidez, mudou completamente. Tive que abrir mão das minhas coisas para ir atrás das coisas do meu filho.Eu não tinha nenhum sonho. Tudo o que eu queria era continuar minha vida normal, estudar e trabalhar. Por enquanto, está indo bem . Quando estou trabalhando, o meu filho fica com meu pai e, quando estou na escola, ele fica com minha irmã, agora ela passou a aceitar mais.



E o pai do nenê que você está esperando, como ele reagiu? Ele reagiu bem, até porque ele é mais velho. Tem 28 anos. O pai do meu primeiro filho tem a minha idade e pensou: "Pô, eu tenho uma vida para curtir e agora eu vou cuidar de um filho". Agora, o meu atual namorado já é mais maduro. Acho que na cabeça dele não passou a idéia de aborto porque ele nunca comentou. Nesta parte, ele se saiu bem.



Graziely de Oliveira Farias e Fabiula Nascimento Estancia, alunas da 5a série C do Colégio Estadual "Hugo Simas", e Maria Rita Teixeira, aluna de Jornalismo-UEL



 

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